O personagem
Ivonete é uma mulher negra, que usa roupas que não combinam, não tem “papas na
língua”, é barraqueira, gosta de uma cachaça, muito samba, fala errado e sempre
se mete na vida da patroa, dos vizinhos enfim de todo mundo, como é engraçada
essa Ivonete né? Não, não é não, uma vez que, esse estereótipo da mulher ‘negra
festeira, mal vestida e burra’, já cansou todas as mulheres negras do Brasil por não nos representar de maneira nenhuma.
Ainda tem aqueles que não se sentem ofendidos,
mas nossa sociedade precisa entender que quem sabe o que é racismo ou não, são
as pessoas negras, quem pode dizer o que me ofende ou não, sou eu, é sim, me
sinto ofendida com personagens como a Ivonete, ou a Adelaide do Zorra Total, ou
o “Africano” do Programa Pânico e demais "subcelebres" que decidem
"homenagear" as pessoas negras.
Procurem
aprender, revejam seus conceitos, conversem com quem entende do assunto, se você
teve uma atitude preconceituosa peça desculpas, assim como o Paulo Gustavo
pediu, após conversar e entender porque o blackface ofende e porque alguns
personagens não deveriam existir. Leiam o pedido de desculpas dele divulgado no
facebook:
“Nesses
últimos dias li, ouvi, pensei e entendi que há uma longa discussão sobre o uso
de "Black face" muito anterior e muito maior do que eu, minha
carreira, minha personagem e o 220 volts, por isso decidi refazer a Ivonete sem
que ela pareça uma caricatura risível da mulher negra. Ela não é. Ivonete é
esperta, crítica, consciente e questionadora. É uma brasileira que passa por
todas as dificuldades absurdas que todos passamos como a falta transporte
eficiente, sistema de saúde precário, violência, etc etc etc... Ela se revolta,
reclama, exige, sofre, mas não perde o rebolado, mantém-se de cabeça erguida,
forte, guerreira e sobretudo alegre. Mas o Black face historicamente remete a
experiências que são dolorosas para muitas pessoas e, mesmo não sendo a
intenção, eu peço desculpas se ofendi ou magoei alguém. Eu posso pintar minha
pele, posso fingir, representar, tentar dar voz a essa mulher, mas eu nunca
saberei de verdade como é ser uma mulher negra. Nos textos, a alegria da
personagem não fazia dela uma alienada, mesmo assim eu compreendi que a negra
animada é um estereótipo que os movimentos negros combatem com razão pois na
vida real, muitas vezes, não é nada engraçado. Apesar de conhecer e adorar
muitas Ivonetes, ser negro no Brasil é difícil sim. Como ser mulher também é
difícil; como ser gay também é difícil. Tanto na minha arte quanto na minha
vida pessoal tenho feito o que posso pra tentar transformar o mundo num lugar
melhor. Casei com o Thales, assumi isso publicamente, mudei minha certidão.
Entendo que temos um grande processo de conscientização sobre o racismo, o
machismo e a homofobia no Brasil e ele vem passando por etapas dolorosas. Eu
não quero de forma alguma ser agente dessa dor, corroborar com preconceitos e
manter o status quo de uma sociedade que necessita melhorar. Todos nós
precisamos conversar e pensar mais a respeito. Eu tenho feito isso. Eu e a
Ivonete.”
Ainda
temos um caminho muito grande para percorrer, o preconceito existe, o racismo
existe e esta na boca dos "formadores de opinião", precisamos calar
essas bocas, precisamos mostrar que nossa cor não é caricata, não somos
palhaças de circo, exigimos respeito, respeitem nossa luta e respeitem nossa
cor.
bjos
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